É muito chato quando estamos grávidas e as pessoas começam a contar histórias bizarras, tristes…enfim, todo mundo sempre tem uma historia ruim pra contar. Nesses casos é sempre bom ficar de boca fechada, mas se a pessoa não tiver o mínimo de semancol, temos mais é que dizer que não queremos ouvir aquilo. Fora as pessoas sem noção, ainda tem os filmes, as séries, o jornal, a novela (que insiste em tratar de assuntos horrorosos), e a nossa poderosa imaginação.
Por esses e por outros motivos, ficamos cheias de medos e de angustias, quando estamos gerando aquilo, que logo logo, vai se tornar a coisa mais importante de nossa vidas.
Não preciso dizer que a gravidez é um momento único, especial, mágico e natural. Ou preciso? Será que em meio há tanta correria, modernidade, opções, esquecemos que somos mulheres, e fomos feitas na medida certinha pra gerar, amamentar (salvo as exceções claro!), parir, educar, criar, amar…? Ou isso sempre existiu, esse medo que nos cerca, e as vezes nos trava, nos impede de ir em frente, vem dos nossos antepassados? Ou é mais uma doença moderna da qual temos que encontrar a cura?
Depois de nove meses buscando coragem, força, nos deparamos com a matéria. O ser. Aquilo que tanto esperamos e desejamos. O medo continua. E muda. Agora as perguntas as questões são outras: quem ele vai ser, como ele vai ser, pra onde ele vai, ele vai ser do bem, inteligente, amado, bonito, querido, nerd, popular, saudável, espiritualizado? Podia passar o ano aqui enumerando perguntas que não tem resposta. Não pelo menos hoje.
Mas aí o bicho pega. Porque além do medo, junto com o ser, nos deparamos com a culpa. A minha parteira diz, que a culpa nasce junto com o bb. Ôxe se nasce. A gente sente culpa de tudo. De não dar atenção ao mais velho ou o contrario, da gripe que ele pegou, de passar muitas horas fora, de ter feito aquela viajem sozinha, de não ter amamentado até os dois anos, enfim…de novo eu poderia ficar um ano aqui enumerando as culpas. Mas não preciso, cada um sabe da sua.
Na minha opinião, essa é sim uma doença da modernidade, aquela que precisamos, mais do que nunca encontrar a cura. Penso que como o parto, a gravidez, o nascimento dos dentes, e a caída deles, esse é um processo natural. A gente vai aprendendo a ser mãe. Aprendendo a minimizar a culpa, aprendendo a se fortalecer e a dominar o medo. Vamos nos conscientizando que até a mulher maravilha tem celulites, e as vezes perde a cabeça, fica com vontade de sumir. E isso faz parte, é melhor que seja assim. Temos que entender que não temos que dar conta de tudo, e se temos, temos o direito de errar. E é assim, que os nossos filhos vão aprendo sobre a imperfeição, sobre os erros, e crescem em um ambiente saudável, normal.
E aí, em momentos como esse a gente percebe, que está tudo bem, que estamos no caminho certo, que eles estão saudáveis e felizes. E então vem a alegria.
O Grupo Cria fez um manifesto pela maternidade. Vale a pena ler e assinar (eu já fiz os dois).